sábado, 22 de agosto de 2009

VOCAÇÃO SACERDOTAL

Amados leitores:
Estamos em agosto, mês em que a Igreja no Brasil, conforme seu costume, nos convida a olhar com maior empenho para a sua realidade vocacional, seja através da oração, das reflexões e demais atividades promovidas nas comunidades por meio do Serviço de Animação Vocacional (SAV), normalmente articulado pela Pastoral Vocacional (PV).
Neste mês vocacional, somos convidados a refletir sobre a vocação ao ministério ordenado: os diáconos, padres e bispos. Estes recebem um ministério especial através do Sacramento da Ordem, pelo qual a missão que Cristo confiou aos apóstolos continua ser realizada em sua Igreja. Sabemos que na Igreja há três modalidades ministeriais: os ministérios ordenados, os ministérios instituídos (Leitorado e Acolitado) e os ministérios confiados (ministros extraordinários da Palavra, da Eucaristia...). Mas os ministros que recebem o Sacramento da Ordem recebem, segundo a Doutrina da Igreja, um poder sagrado em nome e com a autoridade de Cristo, no entanto orientado para o serviço do Povo de Deus. Note-se que esta especial consagração confere um poder, mas um poder exercido segundo o exemplo do próprio Mestre Jesus. Aqui, poder é sinônimo de serviço. Cristo é o modelo e cumprimento pleno de todas as prefigurações veterotestamentárias da sagrada Ordem. Jesus Cristo, com o sacrifício da sua cruz, é o “único mediador entre Deus e os homens” (1 Tm 2,5), é o “único Sacerdote à maneira de Melquisedec” (Hb 5,10). Este único sacerdócio de Cristo torna-se presente sacramentalmente no sacerdócio ministerial. Por isso os ordenados são ministros de Jesus. Santo Tomás de Aquino já afirmava que “somente Cristo é o verdadeiro sacerdote; os outros são seus ministros”. Ser ministro é colocar-se pequeno (mínimo) e estar a serviço. É não iludir-se com as honrarias recebidas, mas em tudo e a todos amar e servir humildemente, numa vida conformada a de Jesus Cristo sumo e eterno sacerdote.
O Sacramento da Ordem é, na Igreja, composto de três graus, a saber, o episcopado, o presbiterado e o diaconado.
Como legítimo sucessor dos apóstolos, o bispo recebe o terceiro grau do Sacramento da ordem. É a sua plenitude, que insere o eleito no colégio episcopal. Desse modo, o bispo compartilha com o sucessor do apóstolo Pedro, o papa, e com todos os bispos a solicitude pelas Igrejas do mundo inteiro, embora lhe seja confiada uma porção do povo de Deus, uma diocese. Seu ofício (trabalho) é o de ensinar, como fiel guardião e anunciador da Palavra e da doutrina, mas também deve santificar e reger o rebanho do Senhor que a ele é confiado. Cada diocese é chamada a reconhecer em seu bispo o princípio visível e fundamental de sua unidade com a Igreja Universal. A diocese, unida ao bispo, realiza a universalidade da Igreja. Lá o bispo é o pastor e exerce seu ofício ajudado pelos diáconos, seus auxiliares imediatos, e pelos padres, seus colaboradores.
O segundo grau do Sacramento da Ordem é o presbiterado. O presbítero (padre) é ordenado para exercer o ministério sacerdotal. A ordenação, pela unção do Espírito Santo, confere ao presbítero uma marca indelével, permanente. É assim configurado a Cristo sacerdote, habilitando-o a agir em seu nome e em sua pessoa (IN PERSONA CHRISTI CAPITIS). Dessa forma, deve sempre estar unido ao seu bispo e ser-lhe solícito, pois, a partir da ordenação, tornou-se cooperador da Ordem Episcopal. Deve estar sempre operando junto ao bispo (co-operador) e, presente nas comunidades e diversos serviços, ser como que uma “extensão” do bispo, uma vez que sempre designado por este, conforme a tradição apostólica. Assim, o presbítero deve assumir incansavelmente a função para a qual é consagrado: pregar o Evangelho, celebrar o culto divino, sobretudo o Sacrifício Eucarístico e ser o pastor dos fiéis. Também o presbítero é ordenado para uma missão universal e deve ser solícito com a Igreja espalhada por todo o mundo. No entanto, irá exercer seu ministério numa Igreja Particular (diocese), unido fraternalmente aos demais presbíteros, com os quais forma o “presbitério” que, unido ao bispo diocesano e sempre dependente do mesmo, é co-responsável pela diocese inteira.
Enfim, o primeiro grau do Sacramento da Ordem é o diaconado. O diácono não é ordenado para o sacerdócio, mas é configurado a Cristo servidor de todos. Deve, por isso, estar a serviço de todos, da Igreja. Exerce seu ministério como auxiliar do bispo diocesano e sob sua autoridade imediata. Assim, o diácono auxilia o bispo no ministério da Palavra, do culto divino, da orientação pastoral e sobretudo da caridade aos mais pobres e necessitados. Na Igreja Latina, há o costume de se conferir o diaconado a homens casados ou solteiros que realmente manifestam o propósito de servir a Cristo em sua Igreja através deste ministério. Já os candidatos ao presbiterado são ordenados, antes, diáconos transitórios, enquanto se preparam para o sacerdócio ministerial e assumem a disciplina do celibato.
Nos três graus, o sacramento da ordem só pode ser conferido validamente pelos bispos, sucessores dos apóstolos, segundo as exigências ou natureza próprias de cada grau. Mas, mais que isto, é importante levar em conta que o ordenado é chamado a assemelhar-se cada vez mais ao Senhor Jesus Cristo em sua tríplice função de Sacerdote, Profeta e Rei. Além disso, há de se levar em conta que uma das características maiores do ministro ordenado é o fato de ele ser, onde quer que esteja, sinal e promotor da unidade de toda a Igreja. Onde estão, não falam nem agem por autoridade própria. Também não são pessoas delegadas pelas comunidades ou representantes das mesmas para exercer seu ofício. Mas vale relembrar que agem sempre na Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja. Por isso, ninguém pode arrogar a si mesmo, como muitas vezes acontece, o “título” de bispo, padre ou diácono. Isto só se pode receber validamente da Igreja para agir em nome de Cristo. Embora participem, pelo batismo, do sacerdócio comum dos fiéis, a diferença deste em relação ao sacerdócio ordenado não é apenas de grau, mas também e sobretudo de essência, pois os ministérios ordenados são instituídos por Cristo a serviço dos que participam do sacerdócio comum dos fiéis.
Por tudo o que se apresentou acima, prezados leitores, é uma grande alegria, neste mês dedicado às vocações, agradecermos ao Senhor pelo dom do Sacramento da Ordem e pedir, segundo o mandato do próprio Mestre, que envie trabalhadores para a messe, pois ela é grande e poucos são os operários. Peçamos ao Senhor que envie santos sacerdotes segundo seu coração, para amar e servir esta multidão, muitas vezes desorientada, cansada, ferida e faminta, como ovelhas que não tem pastor.
A Pastoral Vocacional da Diocese de Limeira, sobretudo através das equipes paroquiais, tem se empenhado firmemente na oração pelas vocações sacerdotais e no auxílio material, tão necessário para a formação dos futuros padres. Não temos padres sobrando, mas graças a Deus não há grande carência de vocações. Muitos jovens estão se apresentando com o desejo de fazer um discernimento mais profundo do chamado do Senhor e, destes, vários tomam a decisão de ingressar no seminário e iniciar um processo formativo. Todo o povo de Deus, presente em nossa diocese, em nossas paróquias e comunidades, é responsável em ajudar nossos jovens na descoberta e no encaminhamento das vocações. É muito importante a colaboração de todos, seja apoiando e participando da Pastoral Vocacional, colaborando nas campanhas e demais iniciativas para a manutenção do nosso seminário diocesano. Se faz necessário e justo ajudar o seminário de nossa Diocese de Limeira, pois é dele que vem os padres que estarão em nossas paróquias, servindo nosso povo. Assim, cada um procure ajudar o seminário de sua diocese.
Atualmente a diocese conta com duas casas de formação. Uma em Limeira, na qual os jovens vocacionados permanecem por um ano ou mais discernindo sua vocação. Esta etapa é chamada Propedêutico e, atualmente, tem como responsável pela formação o Padre Isaías Daniel. Outra casa de formação é o Seminário Maior São João Maria Vianney, localizado na cidade de Campinas pelo fato de nossos seminaristas freqüentarem a universidade naquela cidade. Atualmente, o seminário maior acolhe mais de 40 pessoas que, diariamente, se dedicam aos estudos acadêmicos (Filosofia e Teologia), bem como às outras dimensões da formação dos futuros padres, a saber, a espiritual, pastoral e humano-afetiva. Atualmente, esta casa tem como reitor o Padre Robson Monteiro e vice-reitor o Padre Paulo Sérgio Lopes Gonçalves.
Caso você queira colaborar com a formação dos futuros padres de nossa diocese, entre em contato com o padre de sua paróquia ou com a Pastoral Vocacional. Ambos irão dar as orientações necessárias. Toda ajuda é sempre importante e bem-vinda.
Enfim, amados irmãos, que possamos viver este mês vocacional com fé e entusiasmo, somando forças, quer pelas orações ou demais atividades, a fim de que nos descubramos sempre uma igreja toda ministerial, vocacionada (chamada) ao amor e ao serviço.
Fiquem todos em paz, e que o Senhor Deus da vida vos abençoe!
Padre Marcos Radaelli

Nenhum comentário:

Postar um comentário

TODOS OS COMENTÁRIOS ESTARÃO SUJEITOS A MODERAÇÃO. SOMENTE DEPOIS SERÃO OU NÃO PUBLICADOS.