quarta-feira, 26 de agosto de 2009

TÚMULOS CAIADOS: A HIPOCRISIA DOS FARISEUS E DOUTORES DA LEI

Caros leitores(as):

Estamos na quarta-feira da 21ª semana do Tempo Comum. Tempo muito importante, como é importante todo o ano litúrgico, que escontra sua centralidade e ápice no Tríduo pascal. No entando, o Tempo Comum é muito oportuno para comtemplarmos os feitos de Jesus, anunciando com palavras e ações o Reino de Deus. Esta contemplação ou meditação estão presentes na Santa Missa, na Liturgia das Horas, nos círculos bíblicos, enfim nos momentos de oração da Igreja, nas comunidades ou nas orações de cada pessoa particularmente.


Hoje, dia 26 de agosto de 2009, gostaria de partilhar com vocês uma pequena reflexão da perícope do Evangelho lida na missa. Antes disso, segue o texto na íntegra:


"Naquele tempo, disse Jesus: Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os monumentos dos justos e dizeis: Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos manchado nossas mãos como eles no sangue dos profetas. Testemunhais assim contra vós mesmos que sois de fato os filhos dos assassinos dos profetas. Acabai, pois, de encher a medida de vossos pais!" (Cf. Mt 23, 27-32).


O texto vem em sequência ao de ontem (Mt 23,23-26), que nos apresentava Jesus desmascarando energicamente a postura fanática dos farireus e o suposto ar de pureza que os envolvia.


Aqui, as palavras de Jesus continuam enérgicas e diretas. Ele se utiliza de uma comparação muito clara em suas intenções e em seu recado. Chama os mestres da lei e os fariseus de sepulcros caiados. É a grande denúncia da contradição destes dois grupos de grande força na religião judaica da época de Jesus. O Mestre mostrava assim como suas convicções ou crenças estavam muito distantes de uma vivência concreta das mesmas. Algumas de suas idéias (não todas) até eram boas, desejáveis, e eles de fato entendiam profundamente das leis e conheciam a Palavra de Deus. Porém, tanto conhecimento não ultrapassava o nível teórico. Não eram capazes de passar para o plano da prática o conhecimento que possuiam, nem de usá-lo com sabedoria. Esta postura não era aceita por Jesus, que pede maior compromisso com aquilo que se crê. Trata-se de crer no que se conhece e praticar o que se crê.


Mas em tudo isso, tem-se a impressão de que a contradição reside no simples fato de deixarem de fazer algo, de não tomarem qualquer atitude, ou seja, no não fazer nada. Não é bem isso que Jesus aponta. A contradição ou o não praticar a Palavra e a lei residia justamente no agir diferente de suas convicções. O problema era bem este, não por omissão, total passividade ou comodismo, mas por agir, fazer muito, mas tudo diferente da fé que professavam. flatava-lhes a misericórdia, o desprendimento e, como no passado, desprezavam os profetas, aos quais levantaram honrosas sepulturas. Agora é a Jesus que querem matar, reproduzindo o equívoco de outrora. Equívoco camuflado ou escondido numa piedade de aparências. Além dela não há nada mais que infidelidade a Deus. Estes são os túmulos caiados, cheios de carne em estado de putrefação, cheirando mal!


Diante desta palavra, que é dura não apenas aos fariseus mas a cada um de nós, pois também temos, cada qual a seu modo, suas incoerências, precisamos entender a intenção de Jesus. Ele desmascara sim os erros, mas para que haja na pessoa verdadeira renovação, conversão, pois o Reino chegou e é preciso rever nossa maneira de viver a fé.


É um grande desafio a nós, também imperfeitos na busca pela santidade, viver a fé. Ela presisa ser uma realidade mais sincera e profunda, presente em nossa vida, em nossa prática pastoral, na nossa convivência comunitária. Ela, dá-nos a entender Jesus, é o caminho para sermos puros diante de Deus. Não somos talvez tão coerentes em tudo, porém jamais devemos nos acomodar nos erros que cometemos e nas imperfeições que possuímos. Devemos ser sinceros e colocar diante de Deus o mais íntimo de nosso ser, o que temos de bom e o que temos de ruim, a fim de que permitamos que Ele, em sua misericórdia e amor infinitos, nos transforme em novas criaturas. O cristão, presente no mundo mas sem a ele pertencer, dever ser uma nova criatura, capaz de abandonar tudo aquilo que é pecado, morte, escravidão, pois em Cristo já somos esta nova criatura.


Ele, Jesus Cristo, é a imagem insuperável de todo ser humano renovado, realizado, santo. Cristo é nosso modelo único, do qual imitadores foram até os maiores santos da história da Igreja. A imitação de Jesus é o caminho mais viável para não sermos como os fariseus e os doutores da lei de sua época, que eram legalistas, hipócritas, sem misericórdia, exclusivistas, enfim, túmulos caiados. A grande lei, sintetizada por Jesus, é a do amor a Deus e ao próximo... quem assim procede, é puro diante de seu Senhor.


Que a Palavra de Deus, neste dia, caros irmãos, nos ajude a sermos perseverantes na busca de uma religião mais fiel e engajada numa prática que demonstre o quando vivemos o amor. Assim seja!
Pe. Marcos Radaelli

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