quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

BISPOS DOS REGUINAIS SUL 3 E SUL 4 DA CNBB SÃO RECEBIDOS PELO PAPA BENTO XVI

Caros leitores:

Na manhã do último sábado, 05 de dezembro, os bispos das dioceses dos Regionais SUL 3 e Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)foram recebidos numa audiência coletiva pelo Santo Padre, Papa Bento XVI.

Na ocasião, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Florianópolis, dirigiu em nome dos dois regionais uma saudação ao papa.

Confira, na íntegra, o discurso do papa aos bispos:

"Venerados irmãos no Episcopado,
Dou as boas-vindas e saúdo a todos e a cada um de vós, ao receber-vos colegialmente no quadro da vossa visita Ad Limina. Agradeço a dom Murilo Krieger as expressões de devotada estima a que me dirigiu em nome de todos vós e do povo confiado aos vossos cuidados pastorais nos Regionais Sul 3 e 4, expondo também os seus desafios e esperanças. Ouvindo estas coisas, sinto elevarem-se do meu coração ações de graças ao Senhor pelo dom da fé misericordiosamente concedido e arduamente concedido à vossas comunidades eclesiais e por elas zelosamente conservado e transmitido, em obediência ao mandato que Jesus nos deixou de levar a sua Boa Nova a toda a criatura, procurando impregnar de humanismo cristão a cultura atual.
Referindo-me à cultura, o pensamento dirige-se para dois lugares clássicos onde a mesma se forma e comunica – a universidade e a escola -, fixando a atenção principalmente nas comunidades acadêmicas que nasceram à sombra do humanismo cristão e nele se inspiram, honrando-se do nome “católicas”. Ora “é precisamente na referência explícita e compartilhada por todos os membros da comunidade escolar – embora em graus diversos –à visão cristã que a escola é “católica”, já que nelas os princípios evangélicos tornam-se normas educativas, motivações interiores e metas finais” (Congregação para a Educação Católica, Doc. A escola católica, n. 34). Possa ela, numa convicta sinergia com as famílias e com a comunidade eclesial, promover aquela unidade entre fé, cultura e vida que constitui a finalidade e fundamental da educação cristã.
Entretanto também as escolas estatais, segundo diversas formas e modos, podem ser ajudadas na sua tarefa educativa pela presença de professores crentes – em primeiro lugar, mas não exclusivamente, os professores de religião católica – e de alunos formados cristãmente, assim como pela colaboração das famílias e pela própria comunidade cristã. Com efeito, uma sadia laicidade da escola não implica a negação da transcendência, nem uma mera neutralidade face àqueles requisitos e valores morais que se encontram na base de uma autêntica formação da pessoa, incluindo a educação religiosa.
A escola católica não pode se pensada nem vive separada das outras instituições educativas. Está ao serviço da sociedade: desempenha uma função pública e um serviço de pública utilidade, não reservado apenas aos católicos, mas aberto a todos os que queiram usufruir de uma proposta educativa qualificada. O problema de sua paridade jurídica e econômica com a escola estatal só poderá ser corretamente impostado se partirmos do reconhecimento do papel primário das famílias e subsidiário das outras instituições educativas. Lê-se no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “os pais têm direito de prioridade na escolha do gênero de educação a ser ministrada aos próprios filhos”. O empenho plurissecular da escola católica situa-se nesta direção impelido por uma força ainda mais radical, ou seja, a força que faz Cristo o centro do processo educativo.
Este processo, que tem início nas escolas primária e secundária, realiza-se de modo mais alto e especializado nas universidades. A Igreja foi sempre solidária com a universidade e com a sua vocação de conduzir o homem aos mais altos níveis do conhecimento da verdade do domínio do mundo em todos os seus aspectos. Apraz-me também aqui a mais viva gratidão eclesial às diversas congregações religiosas que entre vós fundaram e suportam renomadas universidades, lembrando-lhes, porém, que estas não são uma propriedade de quem as fundou ou de quem as freqüenta, mas expressão da Igreja e do seu patrimônio de fé.
Neste sentido, amados Irmãos, vale a pena lembrar que, em agosto passado, completou 25 anos a Instrução Libertatis nuntius da Congregação da Doutrina da fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, nela sublinhando o perigo que comportava a assunção acrítica, feita por alguns teólogos de teses e metodologias provenientes do marxismo. As suas seqüelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas. Suplico a quantos de algum modo se sentiram atraídos, envolvidos e atingidos no seu íntimo por certos princípios enganadores da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferecida de mão estendida; a todos recordo que “a regra suprema da fé [da Igreja] provém efetivamente da unidade que o Espírito estabeleceu entre a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, numa reciprocidade tal que os três não podem subsistir de maneira independente” (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 55). Que, no âmbito dos entes e comunidades eclesiais, o perdão oferecido e acolhido em nome e por amor da Santíssima Trindade, que adoramos em nossos corações, ponha fim à tribulação da querida Igreja que peregrina nas Terras de Santa Cruz.
Venerados Irmãos no episcopado, na união a Cristo, precede-nos e guia-nos a Virgem Maria, tão amada e venerada nas vossas dioceses e por todo o Brasil. Nela encontramos, pura e não deformada, a verdadeira essência da Igreja e assim, através dela, aprendemos a conhecer e a amar o mistério da Igreja que vive na história, sentimo-nos profundamente uma parte dela, tornamo-nos por nossa vez “almas eclesiais”, aprendendo a resistir àquela “secularização interna” que ameaça a Igreja e os seus ensinamentos.
Enquanto peço ao Senhor que derrame a abundância da sua luz sobre todo o mundo brasileiro da escola, confio os seus protagonistas à proteção da Virgem Santíssima e concedo a vós, aos vossos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, aos leigos empenhados, e a todos os fiéis das vossas dioceses paterna Bênção Apostólica.
Vaticano, 05 de dezembro de 2009
Bento XVI - Papa
" (cf. cnbb.org.br)

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