terça-feira, 29 de junho de 2010

SÃO PEDRO E SÃO PAULO: INSTITUIÇÃO E MISSÃO

Prezados leitores (as):

No próximo domingo (04/07), a Igreja celebrará o “Dia do Papa”, Vigário de Cristo, sinal de unidade e legítimo sucessor do apóstolo São Pedro. Mas é preciso recordar que neste dia também se celebra a memória de São Paulo (apóstolo e grande missionário). Esta celebração, no Brasil, normalmente é transferida para o domingo seguinte a sua verdadeira data, 29 de junho. Fato é que esta solenidade salienta duas dimensões da vida da Igreja, diferentes e complementares: instituição e carisma missionário.

A passagem do Evangelho proposta para esta celebração (Mt 16,13-19) nos apresenta Simão respondendo a Jesus pela fé de seus irmãos: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Em seguida Jesus lhe confere novo nome, que corresponde a uma vocação (missão): “Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja”. A partir de então o apóstolo seria a “pedra/rocha” para dar solidez à comunidade. Junto a esta “nomeação”, Jesus entrega uma promessa e uma responsabilidade: “...e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. A primeira leitura proposta para a missa ilustra esta promessa quando Pedro é libertado da prisão pelo anjo do Senhor (At 12,1-11).

Já a vocação de S. Paulo aconteceu no caminho de Damasco. De perseguidor de Cristo e dos Cristãos, ele se torna apóstolo e missionário, sobretudo dos pagãos, levando o Evangelho até os confins da Terra (At 1,8) e torna realidade a universalidade (catolicidade) da Igreja, da qual S. Pedro é guardião.

A segunda leitura bíblica da missa (2Tm 4,6-8.17-18) apresenta um resumo da vida e missão de S. Paulo, em circunstâncias difíceis. Mas ele era convicto de que a luz e a palavra de Cristo Crucificado/Ressuscitado tinham que ser anunciadas a todos como caminho de salvação: “loucura para os gregos, escândalo para os judeus, mas alegria verdadeira para quem nele crê”. No fim de sua vida pode dizer: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (cf. 2Tm 4,7).

Eis aí as duas dimensões da vocação apostólica da Igreja: instituição e missão. Ambas são necessárias e atuais na Igreja de hoje, sobretudo na responsabilidade institucional e na criatividade missionária. Muitos possuem dificuldades em assimilar e relacionar estes elementos, que parecem contraditórios ou motivadores de conflitos. Porém devem ser compreendidos como complementares, pois a instituição tem a função de organizar o povo de Deus para fielmente cumprir a missão confiada por Cristo.

Vale lembrar que a Igreja não “inventou” e nem poderia arrogar por si mesma estas dimensões, pois ela as recebeu de Cristo, que assim o desejou. Trata-se de instituição divina e indispensável para que todos os batizados (membros da Igreja) assumam a missão evangelizadora. E o devem fazer unidos aos pastores constituídos: bispos (sucessores ininterruptos dos apóstolos) e padres, seus cooperados participantes da mesma missão apostólica. Também hoje os cristãos precisam combater o bom combate na luta pela justiça e verdade, em meio a abusos, contradições, deformações, que muitas vezes se servem de símbolos do catolicismo, confundindo o rebanho.

É preciso assumir a libertação em nome de Jesus e permanecer fiéis a Ele “pois, na sua morte, Ele realizou a solidariedade mais radical que podemos imaginar”. Que cada cristão possa viver, professar e testemunhar a fé em Cristo em comunhão com toda a Igreja, espalhada pelo mundo inteiro, a partir de suas comunidades. Estas precisam ser um espaço propício de comunhão com Deus, com os irmãos e irmãs e com a Igreja Particular (Diocese), chamada a realizar em seus limites geográficos e populacionais a universalidade da Igreja.

Neste dia tão especial, rezemos pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI, para que, unido ao colégio dos bispos, e estes com o seu presbitério, possam ser sinais de comunhão e unidade entre o povo de Deus. Oremos para que, como bons pastores, doem suas vidas por aqueles que, pertencendo ao Senhor, lhes foram confiados. Isso faz pensar na grande responsabilidade, pois o rebanho não é propriedade do pastor. Este deve ter clara consciência de que o povo a Deus pertence e precisa ser alimentado, orientado, defendido e protegido, mesmo que isto custe a sua própria vida.

Por fim, oremos também por nosso bispo diocesano, Dom Vilson Dias de Oliveira, DC, que neste dia 02 de julho, às 19h30, no salão de eventos da Comunidade Senhor Bom Jesus (Paróquia São Benedito) será homenageado com o título de “Cidadão Limeirense”. Esta homenagem, a ele entregue através de seus representantes no legislativo, reflete o carinho do povo da cidade de Limeira por seu pastor. Que o Senhor abençoe e conserve o nosso bispo e seu presbitério na missão de governar esta porção do rebanho presente nos 16 municípios que compõem a diocese, contando com 66 paróquias, mais de 350 comunidades, além de muitas outras pastorais, movimentos e organismos. Que fiel ao Cristo, seja verdadeiro e corajoso promotor da unidade, da fé e servo dos mais pobres dentre os pobres.

Que o Senhor Deus da vida derrame sobre todos a sua bênção!

Padre Marcos Radaelli
Paróquia Sta. Gertrudes
-Diocese de Limeira-
Cosmópolis - SP